17.10.09

Cabo Verde importa 80% dos alimentos que consome

Cabo Verde importa 80 por cento dos alimentos que consome, dispõe apenas de 10 por cento de terras com vocação agrícola e as condições climáticas constituem uma ameaça permanente a agricultura, alerta um estudo da ONU.

O estudo, encomendado pelo Fundo das Nações Unidas para a Alimentação (FAO), enquadrado no Dia Mundial da Alimentação, refere também que o nível de produção alimentar é “estruturalmente deficitário” e a insegurança alimentar é uma das principais ameaças à pobreza.

O documento, intitulado “Análise da Situação do Sector da Alimentação e da Agricultura Face ao Aumento dos Preços em Cabo Verde”, foi apresentado na Cidade da Praia pelo representante da FAO em Cabo Verde.

Franz Van de Ven que considerou que, apesar de tudo, as medidas tomadas pelo Governo para abrandar o aumento dos preços dos produtos alimentares foram “bastante positivas”.“O relatório aponta as políticas bem implementadas pelo Governo. Houve uma reacção em tempo oportuno, o que significa que as consequências do aumento dos preços foram muito menos do que, por exemplo, noutros países da sub-região”, disse.

Entre os vários programas de apoio da FAO ao arquipélago, Van de Ven apontou o que beneficia as famílias mais vulneráveis e mais afectadas pelo aumento dos preços, ao serem-lhes distribuídas sementes agrícolas, garantindo, paralelamente, que a organização vai continuar a apoiar o programa de apoio à segurança alimentar.

Por seu lado, o ministro do Ambiente, Desenvolvimento Rural e Recursos Marinhos de Cabo Verde, José Maria Veiga, defendeu que o executivo tomou medidas com a finalidade de atenuar o impacto da crise no seio da população, sobretudo as mais vulneráveis do ponto de vista alimentar.

A aprovação de uma medida legislativa que visa reduzir ou isentar os cereais e alguns bens relacionados com a alimentação animal, o direito de importação e do IVA e o aumento das pensões sociais de 2.150 para 3.500 escudos mês (de 19,49 para 31,74 euros) foram algumas das medidas adoptadas, disse José Maria Veiga.

O ministro cabo-verdiano lembrou que, entre 2006 e 2008, em que a crise esteve no pico, o governo implementou um programa de desenvolvimento agrícola, integrado em novos métodos de utilização da água, com a introdução de novas tecnologias agrícolas, como o sistema de rega gota-a-gota e da hidroponia.

Fonte: Lusa

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