20.10.09

Visita a Lagoa, comunidade exemplar no uso da micro-irrigação

Entre vales de difícil acesso, brotam do chão árvores de fruto, legumes e plantas de toda a espécie. Papaia, limão, abacate, figos, cenoura, tomate, cebola, repolho, malagueta, alface, pepino, e até purgueira são alguns dos produtos cultivados nos socalcos de Lagoa, no concelho de São Domingos.

O ar ali é mais fresco e predomina a paisagem verde, em contraste com o tom terra que, quase todo o ano, é a cor de Cabo Verde. Lagoa é, sem mais nem menos, pastoril e bucólica. Uma mulher desponta pela estrada de terra, vinda de Sul, com um balde de água à cabeça. As raparigas mais novas juntam-se em volta do depósito, cada uma com o seu balde pronto a encher. Um casal de jovens ouve um rádio a pilhas, num ermo com vista para o vale. Uma rapariga apanha malagueta.

Os caminhos estão imaculadamente limpos, as parcelas de terra escrupulosamente divididas e delimitadas, e a água é aproveitada até à última gota.

Os produtores de Lagoa foram contemplados com um projecto de agricultura irrigada e fazem a água chegar aos socalcos usando a última tecnologia de micro-irrigação e de rega gota a gota. O projecto é da FAO, com financiamento da Cooperação Espanhola. As parcelas distribuídas aos produtores são privadas e muitas delas geridas por mulheres.

O projecto facilitou a construção dos reservatórios de água e dos cabeçais de rega e a aquisição e montagem dos kits de micro-irrigação. A água é armazenada em grandes reservatórios e transportada através de tubos para as parcelas. A gravidade desempenha um papel importante para fazer movimentar a água, entre as diferentes partes deste vale profundo. O sistema de rega gota a gota goteja cerca de um litro de água por hora para as parcelas, como explica um dos produtores, Nho Toti.

O acesso dos agricultores à água é, por enquanto, gratuito, mas esta é uma situação excepcional em Cabo Verde, garantiu o delegado do Ministério.

Aproveitando que tão exemplar experiência estava tão perto da Praia, o grupo de participantes do atelier decidiu visitar a comunidade no último dia do encontro, acompanhado do representante da FAO em Cabo Verde, do Delegado do MADRRM em S. Domingos e do representante da cooperação Espanhola em Cabo Verde.

Foi uma experiência muito enriquecedora e divertida para todos nós, e aqui a recordamos em alguns momentos (clique nas imagens, se quiser aumentar):

















Sem comentários: