23.6.09

Ministro José Maria Veiga: Integração da análise de Género contribui para melhor redistribuição da riqueza


A aplicação da abordagem de Género nos vários sectores económicos vai criar novas dinâmicas no desenvolvimento e condições para uma melhor redistribuição da riqueza. Esta perspectiva foi defendida pelo ministro do Ambiente, Desenvolvimento Rural e Recursos Marinhos de Cabo Verde, na abertura do Atelier Regional sobre a Integração da Análise de Género nos programas e projectos relacionados com a Acesso e à Gestão da Água e Terra.

O Atelier, que reúne pessoal técnico, juristas, consultores e oficiais dos sectores públicos e privados, que trabalham na gestão da terra e da água em Cabo Verde, Moçambique, Angola, Timor-Leste, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, arrancou no dia 22 de Junho na cidade da Praia, Cabo Verde. O objectivo do projecto é dotar os parceiros de instrumentos que lhes permitam incorporar a abordagem Género nos programas e projectos relacionados com o desenvolvimento agrícola e rural, nomeadamente nos sectores de água e terra, contribuindo, desta forma, para a redução da pobreza e a melhoria da segurança alimentar e nutricional.

Na cerimónia de abertura do encontro, que se enquadra neste projecto inter-regional financiado pela Cooperação Espanhola e com apoio técnico da FAO, o ministro José Maria Veiga admitiu que “há enormes dificuldades, nomeadamente as de ordem cultural”, que impedem uma visão integradora do Género em diversas áreas. A resistência, frisa, é maior no meio rural, “onde as mudanças acontecem de forma mais lenta”.

No entanto, Veiga acredita que o projecto da FAO, que beneficia quatro países lusófonos – Angola, Cabo Verde, Moçambique e Timor-Leste – vai ajudar a “compreender a questão de género em duas áreas importantes e sensíveis para o desenvolvimento económico: a gestão da água e o acesso à terra”.

Para o ministro cabo-verdiano, o projecto poderá contribuir para a melhoria da segurança fundiária e no acesso à água e outros recursos naturais, através da integração da abordagem Género na legislação e nas políticas e programas de gestão dos recursos hídricos e fundiários.

Uma das expectativas do governante cabo-verdiano em relação a este atelier é que promova uma “maior consciencialização sobre a importância da análise Género e metodologias participativas no processo de planificação dos projectos de irrigação, assim como a integração socioeconómica das questões de género nos programas de gestão da terra e da água”.

“Mulheres marginalizadas e ignoradas”

José Maria Veiga espera ainda que se desenvolvam as capacidades nacionais em cada um dos países participantes e que se promova a criação de estratégias de sensibilização e sistemas de seguimento e avaliação adaptados aos contextos nacional e regional.

Também o representante da FAO em Cabo Verde, Frans Van de Ven, falando na abertura do encontro, referiu a importância da troca de informações e experiências sobre a abordagem género entre os países participantes.

Van de Ven fez um retrato geral da situação no meio rural no que diz respeito à análise de Género, lembrando que “ em muitos países em desenvolvimento a população rural mais pobre e mais vulnerável são na sua maioria mulheres e não têm acesso, muitas vezes, às actividades de capacitação e extensão”. “São marginalizadas e ignoradas ”, diz o representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura.

Neste contexto, “torna-se essencial a promoção de tecnologias e métodos mais adequados de gestão sustentável dos recursos hídricos e fundiários existentes a nível nacional e internacional e adaptá-los às realidades locais, de forma a aumentar a produção agrícola”, defende.

O atelier encerra no dia 26 de Junho. O próximo encontro está previsto para o início de2010, em Moçambique.

RVS

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