26.12.07

Angola: FAO lança vídeo sobre projecto de delimitação de terras em San


A experiência da comunidade de San, em Angola, na delimitação das suas terras foi registada em vídeo. A FAO fez a primeira apresentação pública deste registo audiovisual, falado em português, a 7 de Dezembro, em Lubango, Angola.

A experiência de delimitação das terras de San, no distrito de Kibungo, iniciou há alguns anos atrás com uma campanha de sensibilização concretizada, no terreno, pela ONG OCADEC, diz Paolo Groppo, da unidade técnica do projecto.

Em 2005, apoiada pelo projecto com financiamento italiano OSRO/ITA/414/ANG, a FAO organizou uma capacitação com o tema "Uma delimitação participativa da Terra", envolvendo o território e a comunidade de San como experiência de campo. O seguimento desta experiência ainda é feito actualmente graças ao projecto GCP/ANG/035/EC, financiado pela Comissão Europeia.

O registo da terra, que abrange uma área de 1389 ha, foi oficializado em Abril de 2007, na Primeira Conferência de San, que decorreu em Lubango.

O vídeo produzido pela FAO ilustra os objectivos do projecto, a situação de San e como se contextualiza entre os territórios do Sul de Angola, a cerimónia da entrega do título e ainda que perspectivas existem para apoiar o desenvolvimento local.

Para obter exemplares deste vídeo deve contactar:

17.12.07

Cabo Verde: Deputados do MpD apresentam projecto-lei sobre bens e direitos do domínio privado do Estado e das autarquias locais

O maior partido da oposição em Cabo Verde, o Mpd, apresentou hoje, 17 de Dezembro, numa conferência de imprensa, na cidade da Praia, um projecto de Lei que vai levar para discussão na Assembleia Nacional do país. O projecto de lei permite a usucapião sobre bens e direitos do domínio privado disponível do Estado e das autarquias locais.

Por ser de interesse para os leitores do nosso blog, principalmente para os cabo-verdianos, publicamos na íntegra o documento elaborado pelo MpD. Para consultar clique aqui: "Projecto de Lei subscrito por Deputados do Grupo Parlamentar do MPD"

28.11.07

Países lusófonos intensificam cooperação para combater seca extrema

Entidades de vários países lusófonos defenderam, em São Paulo (Brasil), a necessidade de cooperarem no combate à seca extrema, um dos principais problemas que se regista em diferentes regiões do globo.



O encontro "Água para Todos" reuniu representantes do Brasil, Portugal, Cabo Verde, Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe, que apresentaram as diferentes experiências adoptadas actualmente no combate à seca." Essa troca de experiências permitirá o lançamento de pontes para projectos de cooperação, uma forma de tomar contacto com diferentes realidades em relação a um tema comum", disse um dos organizadores do encontro.

Falando da experiência de Cabo Verde, o presidente do Instituto Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos (INGRH), António Pedro Borges, realçou que a escassez de água é "um dos grandes desafios" do arquipélago, nos próximos anos. "Actualmente, grande parte do abastecimento é garantido por meio das águas subterrâneas que já começam a apresentar os seus limites", afirmou. Uma das poucas soluções encontradas pelo INGRH foi aumentar os investimentos para duplicar até 2010 o volume actual da dessalinização da água do mar. "Não há outra hipótese, uma vez que estamos a registar um grande aumento do consumo de água em Cabo verde, nomeadamente por causa do aumento dos investimentos da indústria hoteleira", disse Pedro Borges. Actualmente, a dessalinização é responsável por 75 por cento do abastecimento da Cidade da Praia e de 100 por cento da ilha de São Vicente."

Apesar do quadro dramático, Cabo Verde tem 85 por cento de cobertura de água potável, o que representa um dos maiores índices da África", afirmou o responsável. O encontro "Água para Todos" insere-se no VII Simpósio de Hidráulica e Recursos Hídricos dos Países de Língua Portuguesa (SILUSBA), promovido pela Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH) e pela congénere portuguesa, a APRH. Criados inicialmente em 1986 com o objectivo de discutir políticas luso-brasileiras de recursos hídricos, esses encontros periódicos foram alargados, a partir de 1994, com a inclusão dos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP).

Fonte: LUSA

15.11.07

Um contributo para o Programa Regional de Capacitação

Vanda Narciso, investigadora portuguesa, que participou no Atelier da Praia, escreveu o que a própria chama de um contributo para o Programa de capacitação no domínio da terra dos países membros da CPLP. Um documento que podem aqui consultar.

29.10.07

Brasil desenvolve projecto-piloto de capacitação no domínio das terras

Prezados colegas e amigos,

Com muita satisfação acompanhamos os resultados do Atelier realizado em Praia e os seguimentos do mesmo.

A percepção de que o problema de capacitar e criar condições para desenvolvimento do capital humano nos distintos países venha a oferecer oportunidades adequadas para lidar com os problemas fundiários e demais decorrentes destes, é objecto central das nossas preocupações.



É com muito prazer que aproveitamos o espaço aberto, para informar sobre as atividades que estamos desenvolvendo no âmbito do Projeto FAO / MDA TCP / BRA / 3101 A através de uma proposta de capacitação com o enfoque de DTPN, a partir de um projeto piloto para dois Territórios localizados em dois estados brasileiros: Paraná (região Sul) e Rio Grande do Norte (região Nordeste).

Finalizamos a proposta metodológica de capacitação em torno do tema do desenvolvimento territorial, o que também gostaríamos de compartilhar com vocês. Algumas atividades precedentes para subsidiar a construção da metodologia foram realizadas êxito, como os diagnósticos dos dois Territórios e a realização de seminários estaduais para validação dos resultados dos mesmos.

No momento estamos montando o itinerário pedagógico para realização de quatro cursos a serem realizados para participantes que compõem os Colegiados (espaços coletivos de debate e negociação) dos referidos Territórios, dando prioridade aos agentes de ATER, mas considerando também os demais atores. Esta capacitação tem como objetivo que o conjunto destes atores possam vir a ter um desempenho mais adequado com as demandas de ações territoriais dentro de um processo de diálogo, participação e negociação, que busquem assegurar em última instância, um desenvolvimento qualitativo para a Agricultura Familiar.

Esperamos continuar no debate,

A equipe do Projeto FAO/MDA TCP / BRA / 3101

Pablo Sidersky
pablo.sidersky@consultor.mda.gov.br
Assessoria
Secretaria de Agricultura Familiar


Sevy Madureira

João Carlos Torrens

24.10.07

Enquadramento dos Direitos das Mulheres à Terra em Timor-Leste

Vanda Narciso, investigadora e coordenadora do Euro Info Centre, serviço de apoio e de informação comunitária às empresas do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento - IAPMEI, em Portugal, participou no atelier, realizado na cidade da Praia, entre representantes da CPLP e a FAO.



Esta investigadora é licenciada em Eng.ª Zootécnica, Ramo de Extensão Rural, e fez uma pós-graduação em "Relações Internacionais" e outra em "Medicina Humanitária".

Este ano completou a parte lectiva do curso de mestrado em "Estudos sobre as Mulheres" na Universidade Nova de Lisboa e a dissertação que está a preparar para este curso pretende ser um aprofundamento do tema do trabalho (também da autoria de Pedro Damião de Sousa Henriques) que publicamos em baixo. A dissertação terá como título "Os Direitos das Mulheres à Terra no quadro dos Direitos Humanos - Uma leitura da situação em Timor-Leste" . Segundo a autora, este trabalho pretende "investigar até que ponto os Direitos Humanos podem ser mais um argumento a favor dos direitos das mulheres à terra e discutir as implicações de uma abordagem aos direitos das mulheres à terra baseada nos direitos humanos".

Para ler basta clicar aqui (é aconselhável gravar o ficheiro em PDF para uma leitura mais fácil, escolhendo no google docs a opção "Export as PDF"): ENQUADRAMENTO DOS DIREITOS DAS MULHERES À TERRA EM TIMOR-LESTE

18.10.07

Saudações do Projecto Terra em Angola!

O Projecto Terra-Angola da FAO e do Governo de Angola, financiado pela União Europeia, felicita esta importante iniciativa.



Das Províncias de Benguela, Huambo e Huíla, onde o projecto está a ser implementado, estivemos seguindo o vosso workshop. É incontestável que há um verdadeiro esforço de concretizar as recomendações da CIRADR. Ver que tais iniciativas mobilizam os três continentes é um grande sinal que nos encoraja no nosso trabalho do dia-a-dia de reforço das capacidades técnicas das instituições ligadas a posse e gestão de terra.

Aqui em Angola estamos levando uma importante experiência de assistência técnica e apoio institucional para uma gestão fundiária mais capaz de promover um desenvolvimento rural equitativo.

As actividades do Projecto Terra

Ate agora, estivemos formando técnicos das instituições parceiras do Projecto, assim como parceiros de organizações não governamentais nas duas vertentes fundamentais, para realizar delimitações de terras comunitárias: a utilização de Sistemas de Informação Geográfica e as metodologias do Diagnostico Rural Participativo, testadas com sucesso em diferentes países, e que estão em conformidade ao quadro legal de Angola.

As delimitações de terras comunitárias serão acompanhadas por uma campanha de divulgação da Lei de Terra e do Regulamento junto das comunidades, assim como de formação dos quadros das administrações locais, ambos organizados em parceria com uma série de parceiros não governamentais.



Paralelamente a estas formações, se realizou um encontro inter-provincial que envolveu representantes das administrações ligadas a terra das três províncias. O objectivo foi de promover a coordenação institucional e o diálogo entre as instituições e entre as províncias sobre quatro temas fundamentais: a importância da titulação de terras, o quadro legal actual, a metodologia participativa de delimitação de terras e os procedimentos administrativos para a emissão de títulos.

Também está prevista a progressiva criação dum Centro de Estudos de Terra na Faculdade de Ciências Agrárias de Huambo. No âmbito dos estudos fundiários, está em curso um estudo nas três províncias para entender de forma aprofundada as formas actuais de acesso à terra e as estratégias das famílias camponesas para proteger os seus direitos de acesso, posse e fruição da terra.

O espírito do projecto Terra

Alem de constituir um primeiro passo no sentido de dar segurança às comunidades no posse e fruição das terras que ocupam, trata-se também de despertar a consciência sobre os próprios recursos, sobre formas de transmitir os seus conhecimentos do próprio território, e desta forma iniciar um processo onde as comunidades tornam-se actor do seu próprio desenvolvimento, e não simples receptor de projectos decididos por acima.

Este processo será gradual necessitando apoios em formações quer ao nível das administrações locais como ao nível das comunidades.

O desafio é grande, mas Angola conta agora com um quadro legal e institucional favorável: uma Lei de Terra em vigor desde 2004, e o seu regulamento publicado há pouco menos de três meses, assim como um processo de desconcentração administrativa cuja aplicação progressiva está em curso.

Continuaremos informando dos momentos fortes deste projecto.

Força nos vossos trabalhos! Estamos juntos!

A equipa da FAO - Projecto Terra


Massimiliano Bellini – max.bellini@gmail.com

Cláudia Antonelli – antonelliclaudia@yahoo.fr

Marianna Bicchieri – marianna.bicchieri@fao.org

Leonardo Gallico – lgallico@libero.it

Recordando um acordo inédito assinado no Brasil

Um dos passos que antecedeu a realização do Atelier da Praia foi o encontro dos ministros da Agricultura da CPLP e a assinatura do projecto para o domínio da terra durante a II Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural, que reuniu delegações de 81 países em Porto Alegre, Sul do Brasil, entre 7 e 10 de Março de 2006.

No site Carta Maior, está disponível um vídeo em que representantes dos Estados lusófonos explicam de que se trata o projecto e de que forma pode beneficiar os países envolvidos.

15.10.07

Relatório do Atelier

O relatório do Atelier, contendo os discursos de abertura e encerramento e as principais ideias e conclusões que saíram do debate,para além dos contactos dos participantes, já está disponível no Blog.



Basta clickar neste link: http://docs.google.com/Doc?id=dggdrfm3_0dzzp72

2.10.07

Abraços e felicitações chegam de São Tomé

Caros colegas,

Antes de mais as nossas saudações.



Finalmente chegamos a casa. Por razões de ligação aérea, isso só aconteceu no dia 29/09 pelas 7:30 da manhã. Gostaríamos de nmanifestar os nossos agradecimentos pelo caloroso acolhimento e pelo clima de trabalho durante a nossa estadia nas terras de
"morabeza". Foram boas e proveitosas as trocas de experiência durante esses
dias. Esperamos que o resultado do atelier venha a dar frutos e que a
proposta do programa regional de capacitação em matéria de terra venha a ser
uma realidade.

Um abraço para todos.

Argentino dos Santos,
S.Tomé e Príncipe

Agradecimento de Paolo Groppo, FAO

Prezados colegas e amigos,

É com grande prazer que escrevo para informar do êxito do atelier de validação da proposta de um programa regional de capacitação em matéria de terra, realizado nos dias 20 e 21 de Setembro em Praia, Cabo Verde (para mais informações favor visitar o blog cplpfao.blogspot.com).



A realização desse evento foi possível graças aos esforços de todos aqueles que ajudaram tanto a conseguir os recursos iniciais (agradeço a FAO-TCOT através de Dominique Bordet, a S.E. Ministra do Ambiente e da Agricultura de Cabo Verde, Sra. Madalena Neves, que, em nome da CPLP, liderou as negociações no final do ano 2005 para conseguir o apoio da FAO para esse projecto - o primeiro de cooperação entre a FAO e o Secretariado Executivo da CPLP.

Um agradecimento particular aos amigos e colegas que prepararam os relatórios nacionais utilizados como base no trabalho do Atelier.

Agradeço a todas as Delegações nacionais participantes nesse evento, pela qualidade das discussões e pelos compromissos pessoais nas etapas futuras desse empreendimento.

Quero agradecer aos meus colegas da FAO, nos distintos escritórios nacionais assim como em Roma que facilitaram a realização do evento, em particular Eva Maria Pardo Navarro, minha incansável assistente.

O trabalho de comunicação realizado pela Rita Vaz da Silva tem permitido a todos nós acompanhar em directo os trabalhos do atelier a partir das notas preparadas para o conjunto de órgãos de informação lusófona e em particular através do blog. Sendo um dos primeiros blogues relacionados com a nossa actividade profissional, queria dar um agradecimento especial à Rita: Parabéns.

No Secretariado Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa quero agradecer os esforços feitos pelo Secretário Executivo, Dr. Fonseca, que tem confirmado todo o apoio dessa instituição na concretização do programa através de um diálogo aberto com possíveis doadores.

Finalmente, os esforços do governo Cabo-verdiano são felicitados através de quem tem trabalhado dia e noite para permitir que esse evento pudesse acontecer, a Dra. Luísa Borges: muito obrigado pessoalmente, Luísa.

Agora temos pela frente um desafio ainda maior: fazer que esse conjunto de propostas sejam levadas aos doadores, e que o espírito de um programa pensado para juntar forças, dentro e fora das instituições de governo, com uma atenção especial para criar laços de colaboração com a sociedade civil, se mantenham até que possamos implementar no futuro o programa.

Esse projecto, de facto, representa uma das primeiras manifestações concretas da vontade de colaboração em matéria de terra, que foi também o centro dos debates da Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural CIRADR) realizada no ano passado em Porto Alegre, Brasil ( www.icarrd.org). É importante que essa filosofia de trabalho, baseada no reforço das instituições nacionais, no respeito das diversidades e na procura de convergência entre sector público, sector privado e organizações da sociedade civil seja mantido e ainda mais reforçado.

Permitam-me concluir dizendo que o sonho de tornar essa iniciativa realidade parece-me começar a ter elementos concretos: os sinais enviados pelo governo da Espanha com o financiamento de um projecto de Desenvolvimento das Capacidades sobre a integração da dimensão de género na análise e gestão dos recursos hídricos e fundiários indicam claramente que há interesse por esse tipo de iniciativas. Fica connosco a tarefa de continuar estes esforços.

Um grande abraço para todos,

Paolo Groppo
Unidade de Posse e Gestão das Terras (NRLA)
Divisão das Terras e das Aguas
FAO - Roma

1.10.07

Atelier fechou com compromisso de todas as partes em concretizar o Programa

O atelier de validação do "Programa de Capacitação no Domínio da Terra dos Países Membros da CPLP" terminou, no final da manhã do dia 21 de Setembro, com o compromisso de todos os participantes em concretizar o projecto. O secretariado-executivo da CPLP manifestou também a vontade de prosseguir com iniciativas para validar o programa, mantendo um diálogo aberto com doadores.

Um sinal positivo do empenho dos representantes que estiveram no atelier foi a vontade demonstrada pelos países que não estão incluidos no Projecto de Género e Desenvolvimento Rural, como a Guiné-Bissau, de serem realizados esforços para que este programa, financiado pela Cooperação Espanhola venha a chegar a mais nações, para além das já integradas no projecto - Moçambique, Timor, Cabo Verde e Angola.

Recordamos aqui, em imagens, o segundo dia de reunião.





























Fotos: MAA e RVS

P.S.: Caros Colegas, pedimos desculpa por algum atraso na publicação de novas informações no blog, mas Cabo Verde desde o dia em que vocês partiram está a viver uma crise energética, com cortes de luz que têm durado cerca de 12 horas, em determinados dias. Quando temos luz, muitas vezes falha-nos a Internet. Contingências a que somos alheios, e que esperamos que se resolvam em breve, sem afectar o espírito de camaradagem que se criou durante o atelier. Continuo a apelar que deixem mensagens no blog, assim todos podemos trocar informações! Obrigada e um grande abraço

Participantes do Atelier enviam "abraços" ao chegar aos seus países



Caríssimas/os,

De passagem por casa, em Évora - Portugal, escrevo para vos dizer que cheguei bem e que o Fogo é uma ilha fantástica, com uma paisagem deslumbrante e de contraste: entre a terra árida perto do imponente vulcão, a vegetação luxuriante da ponta verde, e a cidade ded S. Filipe, há muito a descobrir.
Darei mais noticias quando chegar de Bruxelas e Paris, para onde parto amanhã (terça-feira).

Gostaria ainda que soubessem o quanto gostei de vos conhecer e o quanto aprendi convosco, em especial nos momentos informais.

Um grande abraço a todos,

Vanda Narciso, Portugal



Olá,

Obrigado pela informaçãoo. Gostaria também de chegar até lá mas não foi possível.
Eu cheguei em Timor no dia 28 sexta feira. A viagem foi mesmo cansativa mas tudo correu bem. Ate à próxima.

Octávio, Timor Leste

25.9.07

Espanha financia programa para facilitar acesso das mulheres à terra e à água

Em quatro países lusófonos

Foto: Sucupira, Praia por Rita Vaz da Silva

Cabo Verde, Moçambique, Angola e Timor-Leste são os quatro países beneficiados por um projecto, financiado pela Cooperação Espanhola e com apoio técnico da FAO, que vai inserir a abordagem Género na Gestão da Terra e da Água. Este programa pretende melhorar a segurança dos homens e mulheres no domínio da terra e na gestão dos recursos hídricos e fundiários, através da integração da dimensão género na legislação, nas políticas em geral e nos programas de administração e gestão da terra e da água.

Ilaria Sisto, encarregada da Capacitação em Género e Desenvolvimento, da Direcção de Género, Equidade e do Emprego Rural, apresentou o projecto, no atelier da CPLP sobre o domínio da terra, que decorreu na Praia, este programa com duração de dois anos, que resulta de um investimento de 700 mil dólares do Governo espanhol.



O projecto chama-se “Desenvolvimento das Capacidades sobre a Integração da dimensão do género na análise e gestão dos recursos hídricos e fundiários”. Vai dirigir-se ao pessoal técnico e a oficiais dos sectores públicos e privados, que trabalham na gestão da terra e da água, em Cabo Verde, Moçambique, Angola e Timor. Uma iniciativa que se insere nos esforços dos países lusófonos em cumprir o Objectivo de Desenvolvimento do Milénio para promover a igualdade de género e a autonomia da mulher.

Para Ilaria Sisto, representante da FAO, "o género é reconhecido como um princípio essencial na gestão sustentável dos recursos produtivos".



"A perspectiva de género comporta uma análise do acesso e controlo dos homens e mulheres sobre os recursos produtivos, uma análise da divisão das tarefas e da participação na toma de decisão e gestão, como também uma análise das necessidades específicas e comuns em informação, capacitação e tecnologias", explica.

As mulheres, explica Sisto, "não têm os mesmo direitos à terra e a outros recursos produtivos dos homens. Os homens controlam o acesso à terra e as mulheres têm acesso, principalmente, através da sua relação com os familiares do sexo masculino".

"A experiência de muitos países mostra que persistem obstáculos jurídicos, económicos e socioculturais que discriminam as pessoas por motivo de género, da classe social e do grupo étnico", afiança a responsável, que na manhã de hoje apresentará o projecto na sala de Conferências do Ministério das Finanças.

Assim, espera-se que este programa contribua também nestes quatro países para "melhorar a segurança dos homens e mulheres no domínio da terra e na gestão dos recursos hídricos e fundiários, através da integração da dimensão género na legislação, nas políticas em geral e nos programas de administração e gestão da terra e da água". "Espera-se também um impacto positivo na segurança alimentar, na nutrição e nas condições de saúde".

20.9.07

“Primeiro programa regional pode reforçar laços entre FAO e mundo lusófono”

Entrevista conjunta de Arlindo Bragança e Paolo Groppo



O representante da FAO-Cabo Verde, Arlindo Bragança, e Paolo Groppo, do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da FAO, falam, numa entrevista conjunta, de como o primeiro programa de cooperação entre o secretariado-executivo da CPLP e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura se poderá processar, após a sua validação. Para os dois responsáveis, este é um importante passo para reforçar os laços com o mundo lusófono, cujos países têm muitas diferenças, mas revelam também pontos em comum que justificam uma estratégia global no domínio fundiário.

Este é o primeiro programa de cooperação entre a FAO e o secretariado-executivo da CPLP, embora a FAO já esteja presente em todos os países lusófonos desenvolvendo vários projectos. Para a FAO que significado tem esta parceria?

Esta parceria reveste-se de uma importância particular para a FAO, precisamente por se tratar do primeiro programa de cooperação entre as duas instituições. Esse projecto, assinado por ocasião da Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural (CIRADR) em Porto Alegre, é, de facto, o primeiro da FAO e da CPLP, e revela uma firme vontade por parte da nossa organização de reforçar os laços de cooperação com esta instituição. Mais ainda, o facto de ter começado a partir de um tema emergente – a questão fundiária –, um tema que volta à agenda da maioria dos países, tanto do norte como do sul. Isto indica claramente que se trata de uma forte
vontade de colaboração, e que a FAO espera, por parte do Secretariado Executivo, que depois da finalização desse projecto, que permitiu a formulação de um programa regional de capacitação, seja possível conseguir os recursos financeiros para a sua implementação.

O domínio fundiário é bastante complexo e envolve inúmeras instituições e sectores ao nível de cada país. Em que sentido a FAO pode contribuir para que haja um consenso entre os oitos Estados-membros? Qual será o seu papel, em concreto, neste projecto?

A FAO tem uma presença na maioria desses países, em matéria fundiária – uma presença de mais de dez anos em alguns desses países (Moçambique, Brasil). Trata-se de uma experiência importante que serviu para assentar as bases de uma confiança à volta de um tema, da forma como lidar com um tema que é, pela sua natureza, politicamente delicado, economicamente relevante e socialmente fundamental para a estabilidade dos países. Por esta razão, o papel que a FAO pretende desempenhar nesse tema é, por um lado, a disposição, pela experiência adquirida nesses anos, de ser um interlocutor objectivo e não de parte, e, por outro, posicionar-se como um facilitador de diálogo entre as várias instâncias (pública e privada) que, hoje em dia, estão competindo por um recurso, a terra, cada dia mais limitado.

Pela sua experiência e considerando os contactos que tem mantido com os Estados-membros, quais considera serem as maiores fraquezas e os pontos fortes do sector fundiário a nível da CPLP?

Apesar das diferenças existentes em cada país, há alguns pontos comuns que justificam um programa dessa natureza. As instituições públicas, no conjunto dos países, são fracas. Durante anos, ao nível internacional foi dito que os governos deviam ser reduzidos e devia-se deixar os mercados resolver os problemas, inclusive no sector fundiário.

Hoje em dia, felizmente, (nesse sentido também a Conferência Rural sobre a Reforma Agrária e o Desenvolvimento Rural desempenhou um papel importante) voltamos atrás, recordando que os próprios governos dos países têm uma responsabilidade-chave nesses temas e, por isto, é fundamental reforçar as suas instituições. Sejam as instituições do cadastro, do registo, como as instituições responsáveis pelo ordenamento do território e, de maneira mais particular, pela dimensão género. Todas elas sofrem com parcos meios, recursos humanos limitados e uma ausência de material de capacitação nesses temas escritos a partir das suas realidades e voltadas para um público lusófono.

Também temos um quadro legislativo ainda incompleto e, em alguns casos, com certa confusão, no que diz respeito às terras, florestas, etc. Isto explica porque razão, em vários desses países, a FAO já foi solicitada para apoiar as revisões dos quadros legislativos. Nesse tema, é bom lembrar que, no próximo mês, vão ser celebrados os 10 anos da promulgação da Lei de Terra em Moçambique, um exemplo de como um apoio da FAO, com outros actores, da sociedade civil, Universidade e, “en primis”, do Governo, deu um resultado que, até hoje, é considerado como um grande sucesso no continente africano.

Por último, parece-me importante lembrar como o aporte da FAO nesses aspectos tem também a ver com um esforço de concertação e de visão holística, para reforçar instituições não somente na componente técnica mas também para conceber uma maior integração e, nesse quadro, abrir portas de colaboração com o sector não governamental e também com o sector privado.

Que medidas a FAO pensa tomar para captar meios financeiros ou outros para as fases seguintes deste projecto de reforço da segurança fundiária na CPLP?

A pergunta permite lembrar que a FAO é uma instituição de assistência técnica e, nesse sentido, o seu papel é de ajudar a preparar o programa e colocar as suas capacidades técnicas à disposição dos países, para sua futura implementação. Os recursos financeiros deveriam chegar a partir de um diálogo estruturante com os doadores, nos países a nível internacional, mas considerando também que existem países da CPLP que, pela sua natureza, têm condições e, provavelmente vontade de colocar à disposição meios para fazer funcionar o programa: referimo-nos a Portugal e ao Brasil.

Na sua opinião, o reforço das capacidades institucionais no domínio fundiário em cada um dos Oito vai fortalecer que sectores? Que impacto terá ainda para a FAO, e para o fortalecimento das suas relações com os países de língua portuguesa?

Temos a certeza que instituições melhor capacitadas, tanto aos níveis centrais como locais, com capacidade para produzir documentos (títulos, mapas) precisos sobre a posse/propriedade de terra, nas áreas rurais, periurbanas e urbanas, vai permitir criar condições mais certas para qualquer empreendimento de desenvolvimento, contribuindo, de facto, para atrair investimentos, tanto no campo como nas cidades. Também não esquecemos que existe uma relação directa entre a segurança da posse de terra e a segurança alimentar, o que significa que, com melhores condições ao nível da administração e da gestão dos recursos naturais, é possível pensar que será mais fácil lutar contra a fome e a favor dos Objectivos do Milénio. Dentro da FAO, sendo o primeiro programa regional que está sendo proposto em matéria fundiária, é evidente que as lições que vamos tirar dessa experiência vão servir, de maneira geral, para outros programas dessa natureza em outros países, mas também para aumentar esses esforços incipientes, visando o reforço dos laços entre a FAO e o mundo lusófono, como enfatizou o Director Geral da nossa organização em Lisboa, neste mês de Setembro de 2007.

Cabo Verde acolhe o atelier e é formalmente o gestor do projecto. Como vê o papel, neste processo, do arquipélago, um país africano pequeno mas muito premiado pela sua boa governação?

De certa forma, a natureza dos problemas fundiários que Cabo Verde enfrenta, na parte legislativa, das instituições, do uso competitivo entre reserva ambiental (e nesse sentido elemento chave para uma visão de desenvolvimento sustentável) o de uso mais comercial (hoteleira), confirma a urgência de tratar o tema e que não é possível continuar a fazer como se esse problema não existisse. Por ser um país pequeno, de facto vai poder ajudar na articulação geral desse programa, e ninguém vai ver o esforço do governo cabo-verdiano como uma vontade de "prima donna", mas, pelo contrário,como uma contribuição interessante que esse país pode colocar à disposição dos demais países.

Atelier iniciou esta manhã na Praia com todos os países da CPLP representados

O atelier de validação do "Programa de Capacitação no Domínio da Terra dos Países Membros da CPLP" arrancou esta manhã, na sala de conferências do Ministério das Finanças, na cidade da Praia, em Cabo Verde.

Todos os países da CPLP estão representados no encontro, e também os representantes da FAO e ainda a CPLP, que, em substituição do secretário-executivo Embaixador Luís Fonseca, marcou presença através da Embaixadora do Brasil em Cabo Verde.

Aqui fica a memória, em imagens, da abertura deste primeiro encontro, que pretende validar um acordo inédito, no domínio das terras, entre a FAO e o secretariado-executivo da CPLP, envolvendo todos os países lusófonos.

























Luís Fonseca: “Programa deve merecer toda atenção dos Estados-membros”

O Secretário Executivo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa considera que o Programa de Capacitação no Domínio da Terra dos Países Membros da CPLP "pela sua importância no domínio da regulamentação fundiária, no âmbito da CPLP, deve merecer toda a atenção dos Estados-membros”.



Para o Embaixador Luís Fonseca esta é “a primeira iniciativa de grande alcance realizada em parceria com a FAO".

Segundo explica o site da CPLP, que avança com estas declarações do secretário-executivo, a 1ª fase do Programa visa formular projectos de capacitação técnica em aspectos relacionados com a terra. O término da 1ª fase, em Junho passado, é agora prosseguido pelo lançamento da 2ª fase – mobilização de assistência técnica e recursos financeiros para a implementação do Programa.

No arranque do Atelier esta manhã o secretário-executivo da CPLP, que se encontra em Nova Iorque para participar na Assembleia-Geral das Nações Unidas, foi representado pela Embaixadora do Brasil em Cabo Verde, Maria Dulce Silva Barros.

18.9.07

Director-geral da FAO e secretário-executivo da CPLP encontram-se em Lisboa

FAO discute com Portugal possível abertura de escritório em Lisboa


O Secretário Executivo (SE) da CPLP, embaixador Luís Fonseca, recebeu o Director-Geral da FAO, Jacques Diouf, na sede da Comunidade. Durante o encontro foram debatidos diversos assuntos em matéria de cooperação entre a CPLP e este organismo do sistema das Nações Unidas. Salienta-se a vontade, demonstrada mutuamente, de estreitar as actividades conjuntas para o combate à fome e para a promoção do desenvolvimento rural.

Para atingir este objectivo, o Secretariado Executivo da CPLP vai identificar no Plano Indicativo de Cooperação os projectos que podem ser alvo de uma cooperação mais próxima com a FAO.
O SE CPLP, embaixador Luís Fonseca, acolheu com agrado a sugestão efectuada pelo DG da FAO, Jacques Diouf, de abertura de uma delegação desta organização em Lisboa. Quanto a esta possibilidade, o embaixador Luís Fonseca salientou que “a eventual abertura de uma Delegação da FAO em Portugal, no quadro do desenvolvimento da cooperação entre aquela organização e a CPLP, poderá contribuir para a construção de uma base de dados conjunta CPLP/FAO sobre os países de língua portuguesa, com respeito a projectos de investimento e cooperação técnica em execução e programados bem como para o mapeamento das oportunidades de expansão do programa de terreno da CPLP e FAO”.

Perspectivando-se o reforço da cooperação multilateral intra CPLP, foi efectuado um balanço da cooperação em curso entre a CPLP e FAO".

O Acordo de Cooperação entre a CPLP e a FAO foi estabelecido por troca de notas, em 21/09/99 e visa a participação, na qualidade de Observador e por convite, nas conferências e reuniões organizadas por uma ou outra das organizações, sobre questões de interesse comum; troca de informações e de documentação sobre questões de interesse comum; consulta recíproca sobre a planificação e execução de programas técnicos que apresentem interesse para as duas organizações; cooperação em todos os domínios no âmbito dos mandatos de ambas as organizações e actividades comuns em sectores a determinar.

Para além dos convites para que as duas Organizações participem nas reuniões mais relevantes de uma e de outra, a única acção concreta de cooperação existente, até ao momento, materializa-se através de um Projecto de Cooperação Técnica para a formulação de um Programa de Capacitação Regional sobre o Regime de Propriedade, Ordenamento do Território e Aspectos Legais Associados, assinado em 03/03/2006, tratando-se de um acordo de cooperação específico e com um carácter regional dado que cobrirá todos os Estados-membros (EM) da CPLP, excepto Portugal.

O Projecto está já na sua fase final, tendo-se deslocado à sede da CPLP, em Junho, uma delegação técnica para analisar, com o Comité de Concertação Permanente, a condução das actividades de conclusão do projecto – nomeadamente a organização do Seminário Final para a apresentação da Proposta de Programa – e de lançamento de uma nova fase (mobilização de assistência técnica e recursos financeiros). Brevemente, terá lugar em Cabo Verde, o Seminário de validação do Programa.

A CPLP espera poder continuar a contar com a colaboração da FAO na fase de implementação do Programa de Capacitação Regional que sair do mencionado Seminário.

Perspectivas (1)

Poderão ser exploradas com a FAO as seguintes áreas de actuação, tendo sempre em mente a luta contra a pobreza a par do desenvolvimento sustentado dos EM:

- Micro-financiamento Agrário (formação e capacitação dos beneficiários);

- Identificação de fontes para o fortalecimento da capacidade técnica e financeira para a promoção de políticas agrárias, programas e projectos de investimento e de cooperação técnica, nomeadamente nos sectores agro-silvo-pastoril e agro-alimentar dos EM;

- Extensão da Declaração de Intenções entre os Governo brasileiro, angolano, cabo–verdiano, e moçambicano e a FAO, para a identificação, elaboração e implementação de projectos com base na experiência do Programa Nacional de Alimentação Escolar Brasileiro aos Estados-membro que assim o desejarem.

(1) Baseadas nos resultados de 2 das 3 Reuniões dos Ministros da Agricultura da CPLP (Lisboa, Novembro 1996 e Bissau, Maio 2002) e Seminário sobre Micro-financiamento Agrário e Terras nos países da CPLP (Moçambique, Novembro 2002).

FONTE: cplp.org

Agenda do "Atelier de validação do Programa de Capacitação no Domínio da Terra dos Países Membros da CPLP”

Local: Sala de Conferências do Ministério das Finanças, Praia, Cabo Verde

Primeiro Dia (20/09/07)

9H00- 09H30 Recepção e inscrição dos participantes

9H30 – 10H00 Cerimónia de Abertura co-presidida pela Sua. Excia. Ministra do Ambiente e Agricultura, Secretário Executivo da CPLP, Representante da FAO

10:00 – 10H20 Apresentação do Historial e antecedentes políticos do TCP/INT/3001 – Formulação de um Programa de Capacitação Regional sobre o Regime de Propriedade e Gestão da Terra e aspectos legais associados – Dr. Paolo Groppo

10H20 – 10H30 Sessão de esclarecimentos

10:30 – 10H45 Pause café

10:45 -11H00 Apresentação do TCP/INT/3001 – Formulação de um Programa de Capacitação Regional sobre o Regime de Propriedade e Gestão da Terra e aspectos legais associados – Luísa Borges

11:00 – 12H45 Apresentação do Relatórios dos países *

Angola
Brasil
Cabo Verde
Guiné – Bissau
Moçambique
São Tomé
Timor – Leste (opcional)
* Apresentação 15 mn para cada país


12:45 - 14H00 Almoço (Servido no local do encontro)

14H00 - 14H40 Apresentação da Proposta do Programa de Capacitação no domínio da Terra dos países membros da CPLP – Dr. Paolo Groppo

14H40 - 16H00 Sessão de esclarecimentos e debate

16H00 Encerramento dos trabalhos

...........................................................................

Segundo Dia (21.09.07)

8H30 - 09H00 Acolhimento dos participantes

9H00 - 09H40 Continuação dos Trabalhos

9H40 - 10H15 Apresentação GCP/INT /052/SPA “Desenvolvimento das Capacidades sobre a integração da Dimensão Género na Analise da Gestão dos Recursos Hídricos e Fundiária”- Dra. Ilaria Sisto

10H15 -10H30 Pausa Café

10H30 - 10H45 Sessão de esclarecimentos

10H45 -11H30 Reposição das contribuições para Programa de Capacitação no Domínio da Terra dos Países Membros da CPLP- Dr. Paolo Groppo e Luísa Borges

11H30 -12H15 Leitura do relatório

12H15 -13H00 Cerimónia de Encerramento

13H00 - 14H00
Almoço (Servido no local do encontro)

13.9.07

Mensagens chegam por email felicitando criação do projecto

Reprodzimos aqui algumas das mensagens que deixaram no nosso email sobre a criação de um projecto de capacitação no sector fundiário dos países da CPLP.

Bom dia,
Caros participantes,
A Direcção Geral de Geografia e Cadastro da Guiné
Bissau felicita à todos os participantes e
interessados pela questão fundiaria à nivel do CPLP,
em particular a FAO pela forma pedagogica e
participativa que soube congregar na mesma mesa os
falantes da lingua portuguesa para debaterem e
proporem soluções que lhes são comuns à nivel
fundiario. Nasce uma oportunidade singular à nivel da
CPLP em parceria com a FAO. Tenho certeza que virão
mais parceiros a juntar-se a FAO.

Até a Praia.
Calorosamente,

Braima Biai


Ao Comitê de organizção do Atelier da CPLP sobre questão fundiária - Cabo verde


Obrigada pelas informações e considero da maior importância o evento em pauta.
Como consultora da FAO para as áreas de Terra e Desenvolvimento Institucional, mais especificamente atuando em atividades de Capacitação e Inventário Institucional, tenho grande interesse em participar. Coloco-me à disposição e certamente estarei acessando o Blog disponibilizado.

Atenciosamente, Sevy Madureira


Boa Tarde,

Melhores e respeitosos cumprimentos da OCADEC Angola.

A OCADEC vem por intermédio desta agradece pela oportunidade e o interesse da FAO e outras instituições têm em ver os direitos fundiários para as populações rurais assegurados. Qual a possibilidade de a OCADEC Angola poder participar neste tão importante evento?

Atenciosamente,
Gaspar Daniel
Administrador
OCADEC

Ministra da Agricultura de Cabo Verde destaca "vontade política comum"

CPLP une-se à FAO para trabalhar questões fundiárias

A ministra do Ambiente e Agricultura de Cabo Verde elogia a "vontade política comum" dos Estados-membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa na implementação de uma estratégia consensual para as questões da terra. "A questão fundiária é importante para o desenvolvimento de todos os países lusófonos, nomeadamente no campo da segurança alimentar e no crescimento económico", justifica a governante.



Madalena Neves vai presidir o atelier de validação do " Programa de Capacitação Regional sobre o Regime de Propriedade Territorial, Gestão da Terra e aspectos legais", dirigido aos países-membros da CPLP (referência TCP/INT/3103), que se realiza de 20 a 21 de Setembro, na cidade da Praia, em Cabo Verde. O arquipélago foi escolhido como sede formal do projecto e da sua primeira actividade com representantes dos oito países lusófonos "retribuindo" o facto de a ministra cabo-verdiana ter colocado a iniciativa regional sobre a terra de novo na agenda, durante o Encontro dos Ministros da Agricultura dos Países Lusófonos (Roma, 21 de Novembro de 2005).

Na altura, Madalena Neves pediu aos Oito que relançassem a iniciativa – que já tinha germinado no seminário sobre Micro-Financiamento Agrário e Terras, realizado em Maputo, a 6 e 7 de Novembro de 2002 – de formulação de um Programa Regional de Capacitação no domínio fundiário e nas suas diversas componentes, elaborado com o apoio da Direcção de Desenvolvimento Rural da FAO. A titular da pasta da Agricultura em Cabo Verde sugeriu, no discurso de abertura em Roma, que o seu país acolhesse o evento "pela sua localização geográfica privilegiada, situando-se entre os três continentes e por uma série de motivos que manifestam um ambiente favorável para o albergue, designadamente a instalação da Universidade de Cabo Verde".

Agora que está formulado o projecto e prestes a arrancar o atelier de validação e capacitação, Madalena Neves louva também "o forte engajamento do Secretariado-Executivo da CPLP", que, findo o encontro deste mês na Praia, verá oficializado um acordo inédito de cooperação com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura – FAO.

"O papel da FAO foi determinante em todo este processo porque apoiou técnica e financeiramente a elaboração do programa", afirma. Este organismo das Nações Unidas tem sido "desde a independência de Cabo Verde um importante parceiro estratégico", auxiliando, nos últimos anos, vários projectos como o Plano Estratégico da Agricultura, os estudos para as Bacias Hidrográficas, a elaboração de planos de acção de desenvolvimento agrícola por ilhas, programas de florestação e prevenção de incêndios e um projecto de género e desenvolvimento rural, enumera a ministra.

Também nos outros países da CPLP, a FAO está presente e surge, neste programa comum, como uma entidade facilitadora de todo o processo. É que, como explica Madalena Neves, uma das fraquezas do sector fundiário nos países com língua oficial portuguesa é a débil capacidade institucional e a gestão dos recursos humanos. Também a legislação do sector fica aquém das necessidades de cada país, assim como a formação de pessoal, que, na perspectiva da governante cabo-verdiana, é um aspecto "essencial para a implementação das políticas de cada um dos governos". "O sector fundiário precisa de pessoas capacitadas para se desenvolver", reforça.

Apesar de haver muitas áreas em que a capacitação é vital, Brasil e Portugal estão, neste ponto e noutros que se prendem com a segurança fundiária, um passo mais à frente dos restantes países da CPLP. Uma "vantagem", considera Madalena Neves, "porque estes países poderão transmitir o seu 'know-how' e experiência" às nações lusófonas africanas e à timorense.

Cabo Verde condicionado devido à desertificação
Referindo-se à situação do seu país em particular, Madalena Neves explica que Cabo Verde – que tem nove ilhas habitadas e uma desabitada, e cerca de 450 mil habitantes – está condicionado por certas peculiaridades, próprias da sua condição insular, que afectam o desenvolvimento rural e, por consequência, o desenvolvimento económico.

"Estamos inseridos no Sahel, ou seja, sofremos os efeitos da seca e da desertificação. Por exemplo, este ano agrícola de 2007 só começou em Setembro, porque antes não tivemos chuvas", refere. A vulnerabilidade aos efeitos das mudanças climáticas no arquipélago assenta, sobretudo, "na segurança alimentar, no acesso das populações ao rendimento e na modernização e transformação do sector da agricultura", caracteriza a ministra que tutela ainda o sector do Ambiente em Cabo Verde.

Neste quadro, o Governo cabo-verdiano tem estado a trabalhar "para mitigar, em tempo útil, os efeitos da seca". "Já aprovamos a Lei dos Solos e fica agora o desafio da implementação da lei. Trata-se de todo um sistema institucional que se deve consolidar", adianta Madalena Neves.

Para a ministra, é fulcral que se "garanta em Cabo Verde o acesso à terra" e, nesse sentido, destaca o trabalho que tem vindo a ser feito na recolha de dados para o recenseamento agrícola e o projecto de género e desenvolvimento rural, que se enquadra no Plano Nacional de Luta Contra a Pobreza.

10.9.07

Notícias de Angola sobre Desenvolvimento Rural

Instituto Agrário capacita responsáveis provinciais

23-08-2007

Responsáveis e técnicos do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) das províncias de Malanje e do Kwanza Norte estão a ser capacitados em novas técnicas de trabalho, numa formação que decorre desde hoje na província do Uíge.

Em declarações hoje (quinta-feira) à Angop, em Luanda, o chefe do Departamento de Coordenação e Supervisão do IDA, Miguel Pereira, disse que participam da formação, até sexta-feira, chefes locais do IDA, das Estações de Desenvolvimento Agrícola (Eda) e supervisores.

Explicou que durante a acção formativa serão ministradas matérias como "metodologia de distribuição de instrumentos de trabalho, sementes e fertilizantes", "metodologia de organização de assistência técnica aos produtores" e "estado da preparação do ano agrícola 2007/2008".

Os participantes serão ainda capacitados em assuntos como "sistema de monitoria das actividades agrícolas", "recolha, processamento, transmissão e disseminação da informação e dados sobre a actividade agro-pecuária", "preparação de terras, áreas semeadas e produção".

O responsável explicou que a capacitação dos quadros provinciais faz parte de um plano de realização de encontros metodológicos, no âmbito do Programa de Extensão e Desenvolvimento Rural, iniciado em 2005, e do fomento da actividade agrícola.

Os próximos encontros metodológicos realizam-se em Setembro nas províncias do Huambo, Bengo, Luanda Sul e Cabinda, que contarão com a participação de responsáveis do Bié, Kuando Kubango, Zaire, Luanda, Lunda Norte e Moxico.

Os encontros metodológicos iniciaram em Luanda, a três de Agosto último, e terminam em Setembro de 2007.

Assinado acordo para implementação de programa de apoio à mulher rural

24-08-2007

Um protocolo para a implementação de um Programa de Apoio à Mulher Rural e da Periferia (Pamurp), com instrumentos de trabalho, foi assinado este mês, em Luanda, entre o Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento Rural (Minader) e o Comité Nacional para a Promoção da Mulher Rural (Comur), soube hoje (sexta-feira) a Angop.

Segundo uma nota do Comur, o documento rubricado prende-se com a estratégia de execução do programa de Apoio à Mulher Rural e da Periferia, de iniciativa presidencial e sob responsabilidade do Minader, enquadrado na estratégia geral de desenvolvimento rural do país e combate à pobreza.

A estratégia geral de desenvolvimento rural do país e de combate à pobreza tem como pilares os programas de Extensão e Desenvolvimento Rural (PEDR), de Desenvolvimento Comunitário (PDC) e o Pamur.

Além da vertente produção agro-pecuária, estes programas visam dotar as comunidades rurais de capacidade produtiva para garantir a sua auto-suficiência alimentar.

Subescreveram o protocolo o director-geral do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA), Marcos Nhunga, e a vice-presidente do Comur, Joana Lina.

Fonte: ANGOP

7.9.07

Quilombolas ganham voz no campo

Com força crescente e amparados pela lei, remanescentes de quilombos lutam para reaver terra dos antepassados

Por: Roldão Arruda, "O Estado de S. Paulo", Brasil

24/12/2006

Foto: Muratuba, Brasil (Credit: Rita Vaz da Silva)

Depois dos sem-terra, dos povos indígenas e dos atingidos por barragens, um novo grupo ergue a voz em busca de direitos sobre a terra, aumentando os focos de tensão na zona rural. Agora são os quilombolas - nome dado aos remanescentes de antigos quilombos, constituídos por comunidades negras durante o período da escravidão e também depois que o regime escravocrata foi abolido.

O último atrito ocorreu na quarta-feira, quando 32 famílias quilombolas da comunidade de Tracoateua, no Pará, derrubaram uma torre de transmissão de energia elétrica erguida pela Companhia Vale do Rio Doce. Exigiam compensações pela construção de um mineroduto.

Em levantamento recém-concluído pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) verificou-se que estão em andamento 463 processos nos quais os quilombolas cobram o reconhecimento legal das terras que ocupam. Na maior parte dos casos também reivindicam a devolução de áreas ao redor, que teriam pertencido aos seus antepassados. Trata-se de uma quantidade expressiva de pedidos, cuja execução implica na desapropriação de terras em diversos Estados. Mas mesmo assim ela sinaliza apenas parte do problema.

Ninguém sabe ao certo quantos quilombos existem no País, mas é possível ter uma idéia a partir de um outro levantamento, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), encarregada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de coordenar o projeto Brasil Quilombola. “Pela nossa base de dados, são 3.250 comunidades quilombolas, com cerca de 2,5 milhões de pessoas”, diz Carlos Trindade Santos, da Subsecretaria de Políticas para as Comunidades Tradicionais.

Na maior parte dos casos são comunidades pobres, com baixo grau de instrução, pouco poder de pressão e que sobrevivem com o apoio do assistencialismo. A novidade é que estão fortalecendo as articulações entre elas e com outros movimentos, para ganhar força política.

SEM-TERRA

Ao participar, dias atrás, de um encontro de movimentos sociais em São Paulo, o quilombola Antônio dos Santos, da Coordenação dos Remanescentes de Quilombos, afirmou: “O Brasil tem muitas terras, guardadas por poucas pessoas. Estamos organizando os quilombolas e procurando nos juntar com os índios e os sem-terra para mudar isso. ” Santos mora no Quilombo da Caçandoca, em Ubatuba, no litoral paulista. Esse nome é bastante conhecido na comunidade por ter sido o primeiro quilombo beneficiado com um decreto de desapropriação de terras por interesse social.

Há 43 anos seus moradores disputavam com uma imobiliária os direitos sobre uma área de 210 hectares, de frente para o mar e dentro da Mata Atlântica. Em setembro, Lula pôs fim à disputa com um decreto de desapropriação da área, que acaba de ser devolvida às 53 famílias.

Ao todo, o pessoal da Caçandoca reivindica 890 hectares no litoral. Mas a outra parte da área ainda está sob disputa.

O direito dos quilombolas ao território que ocupam foi assegurado pela Constituição de 1988, no artigo 68 das Disposições Constitucionais Transitórias. Mas foi só em 2003 que Lula, cumprindo promessa de campanha, regulamentou a lei.

Por meio do Decreto 4.887, ele definiu como devem ser os procedimentos para identificação, reconhecimento e titulação das terras. Coube ao Incra conceder o título de propriedade.

A mudança tende a acelerar os processos de legalização das terras dos quilombos. Em 2004, foram concedidos 2 títulos de propriedade; em 2005, saíram 4; e neste ano, segundo o Incra, 14. São todos títulos de propriedade coletiva, ou seja, para a comunidade, não para as famílias, como na reforma agrária.

Nestes três anos, o volume de terras tituladas já soma 28.725 hectares, para 1.947 famílias. Parece bastante, se comparado a períodos anteriores, mas, por outro lado, também parece uma parcela ínfima diante do que se reivindica. É difícil definir quanta terra será preciso para atender à demanda - depois de reconhecidos, os remanescentes ainda podem alegar que as terras vizinhas eram ocupadas por seus antepassados. Se estudos técnicos e científicos confirmarem, poderá ser requerida a retomada das terras.

Em Goiás, o Quilombo do Calunga, o maior do País, com 1.200 famílias, reivindica 243 mil hectares, acendendo focos de tensão. Em Conceição da Barra, Espírito Santo, outras 1.200 famílias disputam com a Aracruz, produtora de celulose, uma área de 60 mil hectares.

Há tensão em Nossa Senhora do Livramento, Goiás, onde fazendeiros contestam a concessão de 18 mil hectares ao Quilombo Mata-Cavalo. No Rio, na Restinga da Marambaia, quilombolas brigam na Justiça por uma área de preservação na qual a Marinha construiu uma base.

O PFL vem contestando a constitucionalidade do Decreto 4.887. Do outro lado, os quilombolas tentam se organizar para acelerar as desapropriações.

4.9.07

Livro explica reforma agrária e aborda conflitos rurais; leia capítulo

Fonte: Folha Online, Brasil

Publicado a 23 de Abril de 2007

Periodicamente, o Brasil é palco de invasões de terra, protestos, que alcançam projeção internacional em torno da questão agrária. O país viveu mais um "Abril Vermelho", quando protestos lembraram o massacre ocorrido em Eldorado dos Carajás, no Estado do Pará, em 17 de abril de 1996, quando 19 sem-terra foram mortos.

A cada ano, mais um plano fundiário promete mudar a situação e não apenas sem-terra protagonizam tais histórias, mas também índios, quilombolas e minorias que querem terras.

O livro "A Reforma Agrária", da Publifolha resgata os principais aspectos de uma das questões mais complexas da história política brasileira. Leia abaixo capítulo do livro.

Com uma abordagem atual, a obra não cai no "teoricismo" e apresenta o que acontece no campo e na política brasileira em relação ao tópico.

Os governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva com suas políticas para a questão agrária são um destaque do livro.

Eduardo Scolese, o autor do livro, é repórter da sucursal da Folha em Brasília e cobra a questão agrária há anos.



"A Reforma Agrária"
Autor: Eduardo Scolese
Editora: Publifolha
Páginas: 112
Quanto: R$ 17,90
Onde comprar: nas principais livrarias, pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Publifolha



Introdução

Na tarde de 4 de fevereiro de 2003, pouco mais de um mês após Luiz Inácio Lula da Silva ter assumido a Presidência da República, um grupo de aproximadamente 400 sem-terra ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) bloqueou uma estrada no interior de Alagoas e manteve refém por cinco horas um secretário estadual de governo.

No dia seguinte à barricada, fotos nas primeiras páginas dos jornais mostraram tais sem-terra munidos de pedaços de pau, foices e facões, expondo um clima de tensão no campo deixado como herança por seguidos governos e que marcaria pelo menos os dois primeiros anos da gestão de Lula.

Entre os anos de 2002, o último de Fernando Henrique Cardoso na Presidência, e 2003, o primeiro de Lula no Palácio do Planalto, o número de famílias sem terra acampadas1 à espera de um lote saltou de 60 mil para 200 mil; as invasões de terra avançaram de 103 para 222; e os assassinatos motivados por conflitos fundiários passaram de 20 para 42.

A reforma agrária no Brasil, muitas vezes anunciada, foi mais uma vez apontada como um compromisso de governo. Uma prioridade que, assim como na gestão FHC (1995-98 e 1999-2002), passou a caminhar a reboque das pressões dos movimentos e demais entidades do campo. Ou seja, tudo feito às pressas, deixando de lado um suposto planejamento qualitativo.

De um lado, a revolta dos fazendeiros com as seguidas invasões. E, de outro, a decepção dos sem-terra com as promessas não cumpridas e o acúmulo de famílias vivendo debaixo de barracos de lona. Algumas delas, aliás, acampadas pela falta de emprego nos centros urbanos, enquanto outras sendo usadas como instrumento de pressão dos movimentos sociais contra os governos estaduais e o governo federal.

No Brasil, a concentração fundiária (muita terra em nome de poucos proprietários) remonta à criação das capitanias hereditárias, no início da colonização portuguesa. A partir disso, o que se viu em relação à reforma agrária foram seguidas tentativas de realizá-la ou de impedi-la.

A realidade é que a demanda por terra no país tem permanecido acima da capacidade e da vontade de realização dos governos. No segundo mandato de FHC, pelo menos 800 mil famílias (cerca de 3,3 milhões de pessoas) preencheram fichas nos Correios para concorrer a um lote de terra. Em seus oito anos de governo, porém, pouco mais de 300 mil famílias foram assentadas.

O campo brasileiro, apesar de o país ter passado nas últimas décadas por mudanças sociais, políticas e econômicas, aparece num mesmo cenário explosivo, com os trabalhadores rurais se organizando em movimentos, entidades e sindicatos; os fazendeiros criando associações para defender seus interesses; e as leis, desde 1850, sendo aprovadas tanto para acelerar como para frear as políticas de reforma agrária.

No dia-a-dia do país, quase que de forma banalizada, tornaram-se rotina as invasões a fazendas e a prédios públicos, os saques de alimentos (principalmente no Nordeste), as barricadas nas estradas, os assassinatos de trabalhadores rurais e a conseqüente impunidade dos criminosos, a criação de milícias armadas de fazendeiros, o desrespeito à Constituição, a grilagem2 de terra e a manutenção de trabalhadores em regime análogo à escravidão, além do ritmo lento dos governos para a realização de uma necessária reforma agrária (ou seja, a distribuição de um pedaço de terra para milhares de pobres que nasceram e ainda vivem no campo). A seguir, em breves páginas, uma tentativa de resumir a origem, os desdobramentos e a conseqüência de tudo isso.

1 Tratar de acampamento de trabalhadores rurais, na prática, é falar em precariedade e falta de infra-estrutura básica, como água tratada, energia elétrica e rede de esgoto. Cada família recebe uma cesta básica a cada quatro meses, mais ou menos. Homens, mulheres e crianças vivem debaixo de barracos de lonas pretas, sob o sol do dia e o frio da noite, localizados, em sua maioria, à beira de estradas nordestinas. Só em Pernambuco havia cerca de 20 mil famílias nessas condições ao final de 2003, segundo o governo federal.
2 Grilagem é o processo de apropriação de terras públicas e alheias por meio da falsificação dos títulos de propriedade. A origem do termo é a seguinte: primeiro o fazendeiro falsificava a escritura de uma determinada área. Em seguida, para dar uma aparência antiga aos documentos, colocava a papelada em uma gaveta cheia de grilos. Corroída e amarelada por substâncias liberadas pelos insetos após cinco semanas, as escrituras pareciam autênticas.

27.8.07

Portugal é o primeiro país do mundo a ter jurisdição sobre uma área superior a 200 milhas náuticas

Alargamento da plataforma continental

Por: Teresa Firmino, jornal Público (Portugal)

Publicado a 05.08.07

Portugal voltou a desbravar o mar. Tornou-se o primeiro país a ter jurisdição sobre uma área para lá das 200 milhas náuticas, onde o mar é de todos. No novo pedacinho de Portugal, para os lados dos Açores, existem fontes de água quente, a 2300 metros de profundidade, onde a luz do sol nunca chega.



Para que quer um país um mundo destes? Porque, entre outras coisas, as fontes hidrotermais são oásis de vida marinha, alguma bem esquisita. Ela adaptou-se a condições extremas, como temperaturas elevadas e um ambiente tóxico, com enxofre, metais pesados, dióxido de carbono ou metano em excesso. Não depende da luz solar e da fotossíntese, mas da síntese que diversas espécies de bactérias fazem de elementos químicos oriundos das fontes hidrotermais, para obterem os nutrientes de que precisam. É nessas invulgares bactérias que assenta a cadeia alimentar: servem de refeição a outros seres vivos, que servem de refeição a outros...

Ao adaptarem-se às condições das fontes, bactérias e outros organismos podem ter desenvolvido moléculas úteis à medicina ou à indústria. Na biotecnologia, as fontes hidrotermais do mar profundo são vistas como um mundo admirável, de onde podem sair produtos industriais ou farmacêuticos surpreendentes.

Metade da cidade do Porto

"Rainbow" é o nome do novo pedaço de Portugal. Situa-se a 40 milhas do limite da zona económica exclusiva (ZEE) dos Açores. A ideia de proteger a riqueza biológica deste campo hidrotermal foi o início de uma história de conquista, em versão pacífica.

Portugal começou por propor, em Outubro de 2006, que o Rainbow fosse uma área protegida sob jurisdição portuguesa, no âmbito da Convenção para a Protecção do Ambiente Marinho no Atlântico Nordeste (OSPAR).

Para esta candidatura, entrou em cena a equipa da Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC), incumbida pelo Governo de provar pela ciência, até 2009, que a parte continental do território português se prolonga mar adentro para lá das 200 milhas da costa (370 quilómetros). Se o provar, Portugal pode esticar-se — mas só pelo leito e subsolo do mar, como estabelece a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), em vigor desde 1994.

Mas a EMEPC quis apressar as coisas. Defendeu que o Rainbow fosse já reconhecido, formalmente, como parte da plataforma continental portuguesa, com base na informação científica disponível. "Portugal podia, e devia, exercer sobre ele os direitos previstos na CNUDM — ou seja, direitos de soberania sobre a plataforma continental para exploração e aproveitamento dos recursos naturais", refere uma nota de imprensa.

O sim veio no final de Junho, numa reunião dos Estados-membros da OSPAR na Bélgica. Consideraram o Rainbow como área marinha protegida ao abrigo daquela convenção regional e referiram "claramente" que está na "plataforma continental portuguesa alargada, ou seja, dentro da jurisdição nacional", diz a nota.

O novo bocado de chão português tem 2215 hectares: uns 4000 campos de futebol ou cerca de metade da cidade do Porto. Simbólico, mas talvez prenúncio de um país que vai crescer muito mais. Assim o espera Manuel Pinto de Abreu, o engenheiro hidrógrafo e oceanógrafo físico que chefia a EMEPC. Desde meados de 2005 que a sua equipa trabalha para alargar o fundo do mar português.

Até à ZEE, os países têm direito de explorar o que se encontrar na coluna de água e no fundo do mar. Transpor essa "fronteira", embora já só para o fundo do mar, dá trabalho.

Os cientistas têm de reunir uma imensidão de dados (geológicos, geofísicos, hidrográficos...) que provem que a plataforma continental dos seus territórios se prolonga, realmente, para lá das 200 milhas. Portanto, têm de saber onde os fundos marinhos deixam de ter características continentais e já têm características oceânicas. Para encontrar essa transição, usam-se como pistas a morfologia do fundo (um declive acentuado) e a geologia (o fim da continuidade dos materiais geológicos entre a parte emersa e a submersa). O problema, nalguns casos, é que esse limite não é óbvio.

O continente vezes 15?

Portugal, ilhas incluídas, tem 92.083 quilómetros quadrados e uma ZEE de 1,6 milhões de quilómetros quadrados. Até agora, os dados científicos indicam que Portugal poderá alargar-se em cerca de 240 mil quilómetros quadrados, em redor da ZEE do continente e da Madeira, diz Pinto de Abreu. Tirando os 4000 campos de futebol do Rainbow, os Açores ainda não entram nas contas, porque os levantamentos oceanográficos começaram agora. Está lá o navio Almirante Gago Coutinho e, em Setembro, seguirá o D. Carlos I.

No cenário optimista, o fundo do mar português poderá alargar-se em 1,3 milhões de quilómetros quadrados — o que é 14,9 vezes a área de Portugal continental. O cenário menos favorável é o dos 240 mil quilómetros quadrados já prospectados (2,6 vezes a área continental).

Agora, os cientistas correm contra o tempo, um esforço que custará, incluindo missões de navios, 15 milhões de euros. Até 13 de Maio de 2009, o processo de extensão da plataforma tem de estar concluído e toda a documentação tem de ser entregue na Comissão de Limites da Plataforma Continental. Se as suas recomendações forem favoráveis, Portugal poderá então exercer o acto de soberania que é fixar os limites do país. Que surpresas reservarão essas novas parcelas às gerações actuais e futuras? Petróleo? Gás? Metais? Recursos genéticos, de fontes hidrotermais ou não?"

Há quem diga que a plataforma continental é o novo Tratado de Tordesilhas para Portugal, tal a vastidão da área que pode ficar sob jurisdição nacional. Na União Europeia, Portugal já tem a maior ZEE. Com o alargamento da plataforma, passará a ser dos países com maior jurisdição marítima do mundo", diz o jurista Tiago Pitta e Cunha, que coordenou a estratégia portuguesa para os oceanos.

Quando se pergunta qual o significado do Rainbow, Pinto de Abreu sublinha: "É o reconhecimento da jurisdição nacional nessa área, sem sequer termos concluído o processo de extensão da plataforma."

O passo seguinte no Rainbow é gerir e regular a investigação e exploração dos recursos. Se os cientistas de outros países quiserem lá ir, têm de comunicar a Portugal. "É normal que partilhem parte do material recolhido", diz Pinto de Abreu. "Quando há um limite traçado, há uma barreira que geralmente é respeitada."

A incógnita, agora, é saber onde haverá mais bandeiras com as cores portuguesas no chão do Atlântico.