14.4.10

Moçambique: Dependência alimentar diminui, mas 55 distritos ainda passam fome, diz primeiro-ministro

Moçambique deverá reduzir a dependência externa em produtos alimentares dentro dos próximos dois anos, com o reforço da “revolução verde”, mas 55 distritos deverão enfrentar fome este ano.

São previsões do primeiro ministro moçambicano, Aires Aly, que hoje na província de Manica, centro do país, instou a população para revolucionar a produção de alimentos e pediu aos líderes comunitários que as suas regiões reduzam os défices alimentares e a fome.

“O nosso trabalho é fundamental, pois com fome todos somos doentes. Não podemos manter a dependência externa de produtos alimentares”, afirmou Aires Aly, que falava na abertura da segunda época da campanha agrícola 2009/10, cuja cerimónias centrais decorreram em Rotanda, província de Manica.

O chefe do governo indicou que a aprovação, esta semana, do Plano Quinquenal do Governo (pelo Parlamento) vai materializar o programa de redução da dependência externa de alimentos, além de criar mecanismos para a aplicação de todas as técnicas na produção agrícola.

No domínio da agricultura, o governo deverá incentivar o conhecimento para o aumento da produtividade, actualmente calculada em cerca de 1,4 toneladas/hectare, contra a média de 3,5 toneladas por hectare alcançado por outros países da África Austral.
O governo reduziu este ano as taxas de combustíveis, energia e aquisição de sementes, como forma de subsidiar a agricultura no país. Em Moçambique, mais da metade de produção agrícola provem do sector familiar.

“Já temos trabalhado para a melhoria da semente, para equacionar a realidade climática do país. Contudo devemos aplicar todos os mecanismos agrícolas existentes (mecanizada, charrua, enxada) para a produção”, disse Aires Aly.

Como forma ainda de impulsionar a produção e a produtividade na segunda época da campanha agrícola o governo promoveu feiras agrícolas, para facilitar a aquisição de semente de cereais e horticulturas aos camponeses. A época agrícola anterior foi afectada por seca e inundações, tendo quase a metade da produção ficado perdida.

“Em nenhuma outra campanha agrícola o governo disponibilizou tanta semente, pois é um dos vectores importantes para se aumentar com a produção”, disse à Agência Lusa Soares Nhaca, ministro da agricultura.

Moçambique tem um défice alimentar de 315000 toneladas de arroz e cerca 250000 de trigo, que constituem a base alimentar da população.

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