25.5.10

"Lá em casa manda ela, e nela mando eu"

Quem já não ouviu ou disse expressões como "Por trás de um grande homem está uma grande mulher", "Lá em casa manda ela, e nela mando eu" ou "mulher no volante, perigo constante". No nosso dia-a-dia usamos inúmeras expressões deste tipo, sem termos em conta que perpetuam as desigualdades de género no seio da família e na sociedade.

Na primeira sessão de trabalho do Atelier Nacional Sobre a Integração das Questões de Género nas Práticas Relacionadas com o Acesso, Gestão e Posse de Terra e Água, que decorre na Praia, até 27 de Maio, os cerca de 30 participantes, organizados em grupos, foram convidados a lembrar provérbios e ditados sobre homens e mulheres.


Muitas das expressões mencionadas são usadas na língua crioula - "Na poleiro é galo ki ta canta (no poleiro é o galo que canta); homi faca, mudjer matchadu (homem com a faca, a mulher com o machado); Fidju femea bai servi mundo, fidju machu bai servi rei (as filhas servem o mundo, os filhos servem o rei); undi galo sta galinha ka ta canta (Onde está o galo a galinha não canta). Em português, as expressões mais conhecidas e que também foram referidas no atelier são "Mulher no volante, perigo constante; Entre homem e mulher não se mete a colher; Atrás de um grande homem está sempre uma grande mulher".

Analisando estes provérbios, os participantes chegaram à conclusão que não são mais do que uma fotografia da realidade, e demonstram o quanto a desigualdade atinge, principalmente, as mulheres.

A partir deste exercício, o debate girou em torno da definição de género e dos seus conceitos básicos: papéis de género, relações de género, análise de género e gender mainstreaming (integração do género nas políticas).

Valerio Tranchida, da FAO, explicou que, no âmbito da agricultura, embora as mulheres participem nos trabalhos agrícolas, os dados estatísticos não o demonstram. Os técnicos e dirigentes nacionais foram, deste modo, incentivados a compreender as necessidades específicas de homens e mulheres, a fornecer cursos de formação, a responder às necessidades de todos os membros da comunidade rural e a planear e implementar políticas, programas e projectos de desenvolvimento sustentável e equitativo de forma a integrar a abordagem Género na gestão fundiária e dos recursos hídricos.

RVS

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